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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

*Se o Vai e Volta fosse e (...)*

 

Esta história se passa numa cidade interiorana com um pequeno senso demográfico, onde todos se conheciam pelos nomes e hipocorísticos que lhes eram atribuídos. O José – para ser identificado entre os vários existentes com o mesmo nome – tinha que ser conhecido pela sua característica. Se fosse filho da D. Maria, era identificado como o Zé da D. Maria. Assim como o Zé da Ponte, se perto de uma ponte residisse ou Zé do Buraco, por residir perto de um buraco.

 

O José desta crônica era o Zé Marceneiro que, deve-se dizer, era por todos muito querido por ser prestativo, afável e educado. O Zé Marceneiro tinha outra característica: dava nome às suas ferramentas de trabalho, a saber: o martelo se chamava Toc-toc, a plaina – por ter a função de deixar a madeira plaina – se chamava Alisa. Já o serrote – pelo seu indefectível ir e vir – se chamava Vai e Volta, a furadeira se chamava Buraqueira e a chave de fenda tinha o nome de Arrocho!

 

Por ser prestativo, ele era sempre procurado com o pedido de empréstimo de algumas das suas ferramentas. Emprestava-as de bom grado, mas às vezes, se aborrecia pelo fato de ter que ir à casa de quem lhe pedira o empréstimo, para buscar a ferramenta emprestada. Quem a pedia, se esquecia do dever de fazer a devolução da mesma, obrigando ao Zé sair para buscá-la!

-Seu Zé, daria para o senhor me emprestar o seu Toc-toc? – pedido feito!

Prestativo, que só, lá vai o Toc-toc sendo emprestado ao pedinte.

 

Numa bela tarde, lá estava o Zé Marceneiro às voltas com um problema surgido devido à falta de tempo para entrega de uma encomenda. Em dado momento, eis que entra um garoto, filho do Zé da Ponte, transmitindo um recado do seu pai.

-“Seu Zé, o pai mandou pedi ao senhor o seu Vai e Volta emprestado! – dissera o menino!

Zé Marceneiro olha de soslaio para o garoto, enxuga um suor que caía da testa e diz:

-Menino, diga para o seu pai que: se o Vai e Volta fosse e voltasse, o Vai e Volta iria, mas como o Vai e Volta vai e não volta, o Vai e Volta não vai! – respondeu o Zé Marceneiro!

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Imagem: Google

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 22/12/2024
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