*No início, um mero filete!*
Um grãozinho de areia aqui, outro ali e mais outro acolá! Empurro-os para os lados – quero abrir o meu caminho! Lentamente, vou avançando. Uma nesga de luz a mim diz que estou quase chegando ao objetivo proposto pela Mamãe Natureza. O último obstáculo é transposto, a minha alegria explode: -Estou livre para iniciar a minha caminhada, a de um mero filete! – exalto o meu feito!
Serelepe, deixo-me levar pela queda da serra, local de onde há pouco saíra em busca de alcançar o objetivo da minha existência: chegar ao mar! Pelo meu caminho, novos filetes encontro para formarmos um pequeno riacho. Novos riachos encontro que, juntando aos demais – agora, formamos um Rio de grande proporção.
Nas minhas margens, plantei as sementes trazidas das plagas por onde passei, para formar a minha Mata Cilial que, cerzindo com seus ramos e raízes, dava-me a proteção contra o assoreamento do meu leito. As sementes plantadas eram de árvores frutíferas que alimentavam os abundantes peixes habitantes do meu corpo caminhante.
Eis, todavia, que algo acontece. Notei que a minha Mata Cilial estava sendo devastada e, aos poucos, foi desaparecendo. O meu caminho duramente traçado, agora, era – tão somente – um amontoado de lixo. A vida que em mim havia, onde piscosos cardumes abundavam, desaparecera! Nada restou a não ser águas envenenadas pelos agrotóxicos que em mim foram jogados, quando os homens – destruindo as matas para criarem campos produtivos de grãos – as ceifaram com serras e machados movidos pelas mãos assassinas da Besta Fera Bicho Homem!
Desculpe-me Estado que tem o nome de Rio Grande que, como Eu Rio, era, também, grande. O Eu Rio não ri das desgraças que involuntariamente estou causando. Mas – e mesmo sem culpa – desculpas peço. O Eu Rio queria rir e ir passando, como antanho passava: distribuindo as puras águas, gerando novas vidas e não as mortes que, hoje, campeiam!
À época havia algo que é desconhecido pelo Bicho Homem: a simbiose natural existente em todos os seres componentes da Mãe Natureza e que amplamente era exercida pelos irracionais que agem com mais racionalidade que os tidos racionais. A simbiose é a necessidade existente onde todos de todos dependem. É o bom relacionamento para a sobrevivência de todos. A predadora fera mata para sobreviver e manter o equilíbrio ecológico. A Besta Apocalíptica mata pelo simples prazer de matar, ousando, ainda, dizer: -“Aquilo que não vive para a mim servir, não serve para viver”! – vocifera entre tolas risadas!
Hoje, ao ver a Mãe Natureza triste e quedada – por nada poder fazer para salvar os rios e florestas, bem como, a Apocalíptica Besta Humana – o Eu Rio não rio: choro! O meu choro se faz presente porque – ao se eximirem das culpas – me julgam culpado. Contudo, em minha defesa tenho a Mãe Natureza. Ela sabe que – como você, bravo e valente povo Gaúcho – inocente sou, inocentes somos! Ela sabe que toda as culpas pelas desgraças que estão destruindo o lindo e próspero Estado do Rio Grande do Sul – e vai destruir todo o mundo em que habitamos – estão na egocêntrica e Apocalíptica Besta Humana.
As geleiras que abasteciam – hoje, não mais – o Rio Amazonas e demais afluentes, estão quase extintas. E as chuvas – que mantinham vivo o Amazonas e os demais Rios da região – estão se extinguindo e, consequentemente, extintos estarão em breve todos os Rios e córregos que, antes, lá abundavam. A região pantaneira está mais seca que as caatingas nordestinas! Onde havia geleiras controlando o nível das águas marítimas, nada mais há! Na parte da orla marítima, casas e cidades estão sendo tragadas pela força do mar que, célere, avança. O mundo está à beira do extermínio: está emitindo O Canto do Cisne, o último ato do belíssimo pássaro!
A chorosa Mãe Natureza perdeu todo o controle havido. O excessivo aquecimento global, provocado pelas indústrias poluidoras, chegou ao ápice! O calor, o frio, as chuvas, os terremotos, maremotos, furacões, tufões e tornados – que estão a tudo destruindo – se tornaram excessivos! Tudo – por culpa da Apocalíptica Besta: o Bicho Homem – está fora de controle, matando os justos – se justos houverem – e pecadores que muitos e muitos há!
Há de se perguntar: -Até onde irá chegar tamanha bestialidade humana? O que ainda pode ser feito? Se houver algo a ser feito, deveria ter sido feito de há muito. É lamentável admitir: é muito tarde... é tarde demais!
“A idiotice humana somente será extinta quando os fragmentos que formam a chuva de meteoritos que vagueia no espaço sideral seja tudo o que restou do nosso Planeta Terra”! (Altamiro Fernandes da Cruz)
Ao bravo e valente Povo Gaúcho que – com garra e fé – não desiste nunca! Ao povo brasileiro que – com doações e orações – estão ajudando nesta triste e incansável batalha, recebam os meus parabéns e aplausos!
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