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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

=O Pensador: Obra do imortal Auguste Rodin=

Agora, Sou Rei!

 

Há momento na minha vida no qual sou Rei. É aquele em que – fazendo a pose que inspirou Auguste Rodin – arrio minhas vestes e pouso no meu Trono Imperial, para me despedir dos, antes alimentos, agora, dejetos fecais!

 

A pose é a do Pensador e, assim pensando, dobro o braço e punho direito, coloco o cotovelo sobre a coxa direita. Em seguida, apoio a cabeça pensante no cotovelo dobrado e – aí sim – ponho-me a pensar. Sim!... Sou, agora, o Rei!

 

É neste momento em que – enquanto dou vazão aos dejetos – dou ‘asas às minhas elucubrações’. Os pensamentos volteiam em torno de mim, levando-me a vasculhar o – por demais conhecido – ambiente no qual o meu Trono está entronado. Entre os ‘esforçados gemidos de prazer e alívio’, os meus argutos olhares passeiam pelo piso, paredes e teto. E eis que noto uma formiguinha que, transitando pelo ambiente, busca (Imagino!) algo que possa servir de alimento para si e para as demais componentes da sua coletiva casinha. Coisa de louco – dirão! No que concordo em gênero, número e grau: sou um confesso louco visionário!

 

Ela – com suas minúsculas e inúmeras perninhas – lépida, vasculha todos os cantos do meu Gabinete de Trabalho. Despreocupada, passa perto dos meus pés. Temendo feri-la, ou até mesmo levá-la à morte, retiro o meu pé para dar-lhe passagem neste seu ‘Safari na Busca por Alimentos’.

 

Terminada a gostosa tarefa (Não riam – peço-lhes!), o Eu Pensador volve às obrigações de se higienizar. Terminada a lide, volvo ao lavatório onde, desta feita, lavo as mãos e rosto. Pego uma toalha e, neste momento, noto que duas formiguinhas se fazem presentes próximo ao espelho do armário. Elas dão voltinhas em torno de si mesmas, olham-se no espelho, miram-se e (E lá vou eu com minhas elucubrações.) fazem um ‘retoque na maquiagem’, para, em seguida, ‘botar as fofocas em dia’ – coisas bem comum entre as ‘formigas e mulheres’! Imaginação? Não! Hum, hum!... Tenho certeza absoluta!

 

Finda as ‘fofocas e os papos formigais’ elas, agora, partem para as tarefas da incansável busca dos alimentos, para suprir as despensas dos lares. Desde criança eu era – como descrevera o Engenheiros do Hawaii: “um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones”. No meu caso, eu amava e amo, “os Beatles, os Rolling Stones”, as formigas, os pássaros e todas as formas de vida existentes: vegetal e animal. E esse confesso amor trago-o até aos dias atuais e expresso-o em todos os momentos da minha vida.

 

Parte I:

Estou desperto! É manhã e dirijo-me ao lavatório, para as primeiras fases de higienização, quando, então, lavo as mãos e o rosto. Antes, porém, tenho o devido cuidado de escrutinar o lavabo buscando encontrar aquelas incansáveis formiguinhas que – no seu Safari Matinal – buscam os alimentos para suprir a despensa da sua casinha. E o alimento encontrado era os resquícios do adocicado creme dental, fruto da escovação feita na noite anterior e que, agora, jaziam na louça do lavatório.

 

Cauteloso que só, pego um pedaço de papel higiênico e – cuidadosamente, diga-se – vou retirando-as (antes de abrir a torneira) com o fito de evitar que elas viessem ao óbito por afogamento. –“Isso é coisa de doido, dirão”! No que venho a concordar em gênero, número e grau: sou um louco confesso! Prefiro ser um doido de doídos miolos a ser como o Filho da Putin que – por não ser possuidor de nenhum sentimento humanitário – invade um pequeno país, assassinando pais e filhos inocentes com o fito de – tão somente diga-se – deflagrar mais uma famigerada Guerra (a Terceira) Mundial.

 

Tem que ser muito Filho da Putin, para imaginar conquistar o mundo pela força das armas! Putin – seu filho de uma jumenta (*) – não se conquista nada com a força das armas, mas, e sim, com uma ideia melhor! E a melhor de todas as ideias é Expandir a Força Inconteste do Amor! (*) Perdão peço à fêmea do asno, porque os seus filhos nunca sentirão a tristeza de serem irmãos deste Filho da Putin!

 

Ame, Putin – seu filho de uma jumenta – como os Engenheiros do Hawaii: “os Beatles e os Rolling Stones”. Ame – como o Eu menino amava e amo – as formigas, os pássaros e todas as formas de vida existentes: vegetal e animal!

 

Que bom seria se toda a humanidade fosse composta por seres humanos. É um dó que não seja e uma pena, porque nunca será. Enquanto persistir o louco pensamento ‘do mais ter que ser’, os que compõem a humanidade jamais serão seres humanos. Confesso ter um tremendo dó pelos tidos irracionais, porque os tidos racionais (que na realidade são piores que os irracionais) estão destruindo tudo aquilo que o nosso Deus criou e à desumanidade doou!

 

Que bom seria se todos os seres humanos, humanos fossem para amar, como os Engenheiros do Hawai: os Beatles e os Rolling Stones e, como o Eu menino (repito): amava e amo, as formigas, os pássaros e todas as formas de vida existentes: vegetal e animal.

 

Que bom seria se não mais ouvíssemos o matraquear das metralhas na sua hedionda mensagem de morte, descrita na letra dos Engenheiros do Hawai: Ratá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá [...]!

 

Que bom seria podermos ouvir somente o cantar das “coisas lindas da América”! Que bom seria poder ouvir os gritos das “mil garotas afim” cantando “Help and Ticket to Ride / Oh, Lady Jane e Yesterday”!

 

Que bom seria podermos ver que o garoto que “Cantava viva à liberdade” (nunca recebendo a carta/convocação) “Mas uma carta sem esperar” (e uma carta que o viesse separar) “Da sua guitarra o separou” (que tristemente o separou porque ele) “Fora chamado na América”.

 

Que bom seria podermos ouvir dizer que o “garoto não fora mandado (à Ucrânia) ao Vietnã” / (para) Lutar com vietcongs” (ou contra os Filhos da Putin.)

 

Que bom seria se pudéssemos dizer que não houve: o “Stop, com Rolling Stones” (e nem o) “Stop com Beatles songs”.

 

Quão bom seria podermos dizer que o “Garoto que Amava os Beatles e os Rolling Stones” e o Eu Garoto que Amava – e ama – às formigas e todas as formas de vida animal e vegetal, estão vivos e almejando que a sonhada Paz possa ser uma constante preocupação no pétreo coração da humanidade!

 

Que bom seria não mais ouvirmos o matraquear das metralhas anunciando a triste mensagem da morte: “Ratá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá” / “Tatá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá” Tatá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá / “Tátá-tá-tá-tá” [...]!

 

Que bom seria não mais ouvirmos falar deste que é mais um asno/fanático Filho da Putin, promovedor de mais esta fratricida guerra e que – ao que tudo indica – poderá ser a última por marcar a extinção da humanidade!

 

Hoje, no meu Trono, não sou mais o sonhado Rei. Sou um mero e solitário Robson Crusoé que não está só por ter as suas fiéis amigas formigas e todas as demais formas de vida que, ainda persistem em lutar para sobreviver neste mundo louco comandado por tantos loucos Filhos da Putin!

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Imagem: Google

 

Era um garoto que como eu amava

os Beatles e os Rolling Stones

 

Canção de Engenheiros do Hawaii

 

Era um garoto que como eu / Amava os Beatles e os Rolling Stones / Girava o mundo sempre a cantar / As coisas lindas da América / Não era belo, mas mesmo assim / Havia mil garotas a fim / Cantava Help and Ticket to Ride / Oh, Lady Jane e Yesterday. / Cantava viva à liberdade / Mas uma carta sem esperar / Da sua guitarra, o separou / Fora chamado na América. Stop, com Rolling Stones /
Stop, com Beatles songs / Mandado foi ao Vietnã / Lutar com vietcongs. Ratá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá / Tatá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá / Tatá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá (..)/

 

Era um garoto que como eu / Amava os Beatles e os Rolling Stones/ Girava o mundo, mas acabou/ Fazendo a guerra no Vietnã/ Cabelos longos não usa mais/ Não toca a sua guitarra e sim/ Um instrumento que sempre dá/ A mesma nota, ra-tá-tá-tá/ Não tem amigos, não vê garotas/ Só gente morta caindo ao chão/ Ao seu país não voltará/ Pois está morto no Vietnã/ Stop, com Rolling Stones/ Stop, com Beatles songs/ No peito um coração não há/ Mas duas medalhas sim./ Ratá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá/ Tatá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá/ Tatá-tá-tá-tá, tá-tá-tá-tá-tá/

 

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 28/07/2023
Alterado em 12/08/2023
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