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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

A Tomada da Bastilha X “A Tomada de Brasília”

Se traçarmos um pararelo entre um fato histórico (A Tomada da Bastilha) e uma bisonha tentativa (“A Tomada de Brasília”), vamos encontrar um horrendo pastelão, digno de ser denominado como Samba do Crioulo Doido – como bem diria Stanislaw Ponte Preta (*), emérito cronista carioca.

 

Na França, o histórico fato da Tomada da Bastilha – ocorrido no dia 14 de julho de 1789 – é motivo de orgulho do povo francês. A utópica tentativa da “Tomada de Brasília” – ocorrida no dia 08 de janiero de 2023 – se tornou um motivo de vergonha para o povo brasileiro.

 

O que objetivavam os invasores nesta bisonha tentativa? Ninguém sabe. É como a Conceição – personagem vivida na letra da canção que lhe dá o nome –  “Se subiu, ninguém sabe, ninguém viu”(...). Levados que foram, vários membros do fracassado movimento – às vezes – nem sabiam o que lá fariam. E instigados pelo fator número, promoveram quebradeiras, postaram idiotas selfies que têm como único objetivo a produção de robustas provas contra eles mesmos.

 

Para surtir o desejado efeito, o movimento deveria ter uma liderança que se fizesse presente na área do conflito. Liderança não houvera – estava distante. Aqui, ficou evidente que o movimento (anunciado nas redes sociais, cujas mesmas “não foram acessadas(Sic!) por quem de direito para coibi-lo”) fora uma malfadada trama que visava a perpetuação no poder através do Direito da Força em detrimento da Força do Direito. E ela, a Força do Direito, se fez prevalecer.

 

A tola acusação de uma suposta fraude – nunca provada – no processo eleitoral que elegeu o opositor, foi a geradora do conflito. Para se acusar, a parte acusadora tem que se estribar em robustas e incontestáveis provas cabais, mas nunca nas utópicas parvoíces imaginárias, visando (Quem sabe?) perpetuar-se no poder. A acusação sem provas – mote provocador dos vexatórios delitos – comprova a total irresponsabilidade do acusador, cabendo ao mesmo o jugo da culpabilidade.  

 

Na histórica Tomada da Bastilha havia um sentimento patriótico que tornou-se um ícone da República Francesa, cujo mesmo ocorreu no dia 14 de julho de 1789. A Tomada da Bastilha foi um fato histórico, sendo considerado, hoje, o maior feriado nacional, conhecido formalmente como A Festa da Federação, ou como Dia da Bastilha em outros idiomas. O evento provocou uma onda de reações em toda a França, assim como no resto da Europa, que se estendeu até a distante Rússia Imperial.

 

O poder embriaga principalmente aos despreparados para exercê-lo. Então, a “mosca azul” se faz presente com a sua picada embriagatória fazendo o poder aflorar à despreparada cabeça. E o despreparo dos eventuais mandatários da nação Brasil os tem levado a uma entropia sem tamanho! O Brasil não está caminhando para o caos. Nele, de há muito, já se encontra. Falta-nos lideranças, governabilidade e caráter. Sobra-nos corrupção e desmandos!

“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”! (Abraham Lincoln)

O utópico todo poderoso não pensa que é deus. Então, ele – na sua pose de megalomaníaco – se arvora na certeza que é um deus. Aplausos para o estadista Abraham Lincoln!

Os governantes, ao assumirem o poder, deveriam ler  e reler a lenda grega sobre a Espada de Dâmocles. Trata-se de uma história cuja moral tem relação com o poder, política e a insegurança dos governantes.

Vejamo-la:

A espada de Dâmocles refere-se à arma do protagonista de uma anedota moral. Nesse sentido, se trata originalmente de uma história perdida da Sícilia escrita por Timeu de Teauromênio. Porém, Cícero foi quem a contou pela primeira vez para o filósofo grego Diodoro Sículo, mas também tem registro na obra Tusculanae Disputationes.

 

Desse modo, refere-se a uma lenda grega do período de 200 antes de Cristo. Em resumo, apresenta a história do conselheiro da corte de Dionísio, o Velho, um tirano de Siracusa. Sobretudo, a história tornou-se uma lição de moral e uma expressão que significa perigo iminente.

 

Basicamente, esse tirano vivia em um palácio cheio de requintes e itens bonitos, com uma criadagem sempre disposta a fazer-lhe todas as vontades. Porém, muitos cidadãos de Siracusa invejavam sua riqueza e vida boa. Em especial, Dâmocles, que era um amigo íntimo e conselheiro, mas vivia declarando sua inveja à vida do amigo para os quatro ventos. Comumente, ele aparecia no palácio de Dionísio afirmando que ele era extremamente sortudo, tendo tudo que poderia desejar e sendo o homem mais sortudo do mundo.

Entretanto, o Velho, cansado de ouvir isso todos os dias e de todos os lados decide propor que seu amigo fique em seu lugar por uma noite, o que ele rapidamente aceita.

 

A princípio, Dâmocles teve acesso não somente à riqueza, mas também às mais belas mulheres do seu harém. Contudo, entre as festividades e bebidas compartilhadas com o público do passado, o protagonista percebeu que algo estava errado. Em resumo, logo acima de sua cabeça estava pendurada uma espada afiadíssima.

Mais ainda, a espada estava presa por um frágil fio do rabo do cavalo favorito de Dionísio. Desse modo, questionou Dionísio sobre o motivo da espada estar posicionada onde ele se sentava. Logo em seguida, o tirano explicou que ‘vivia desse modo de propósito, para lembrar-se do constante risco de perder tudo’.

 

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Moral da história:

Os amorais políticos brasileiros deveriam, sim, ler (se souberem ler) esta linda lenda para que, dela, pudessem sentir que o vinho do poder é embriagador, para os despreparados ao exercício do mesmo!

 

(*) Sérgio Marcus Rangel Porto, mais conhecido pelo pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, foi um cronista carioca, escritor, radialista, comentarista, teatrólogo, jornalista, humorista, e compositor brasileiro. Wikipédia

Imagem: Google

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 18/01/2023
Alterado em 18/01/2023
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