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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

Choque De Gerações

Introito:

 

Os meus amigos – que me honraram e honram-me com a leitura dos meus textos – bem sabem o quanto amei o homem mais encantador que conheci: Benício Barbosa Santiago – Vovô Benício. Era (Abomino este pretérito verbal porque ele me diz nas entrelinhas que o meu amado e idolatrado Vovô Benício já se ascendeu às alturas e não mais se encontra aqui.) o mais sapiente – mesmo sem saber ler, escrever – de todos os seres humanos que tive a honra de conhecer.

 

Descrevo-o:

Excelente talabarteiro, emérito contador de casos e histórias – brincalhão e alegre que só – a todos encantava com as suas virtudes. Sinto saudades de você, amado Vovô Benício. Você foi o meu querido, meu velho e inseparável amigo! A você – amado Vô/amigo – agradeço por ser o que sou!

-Muito obrigado, Vovô Benício!

 

Nota:

Este pequeno introito tem por objetivo ilustrar um lindo texto ao qual dei o nome de Choque de Gerações. Espero que possam gostar do seu conteúdo.

 

CHOQUE DE GERAÇÕES

 

Numa reunião de família um jovem perguntou a seus pais, tios e avós, como eles conseguiram viver antigamente:

Sem Televisão; Sem Wi-fi; Sem tecnologia; Sem Internet; Sem Drones; Sem Bitcoin; Sem Smartphones; Sem Facebook; Sem Twitter; Sem Youtube; Sem Whatsapp; Sem MS; Sem MSG; Sem Instagram e Sem Netflix?

Então, o avô (Seria o Vovô Benício?) tomou a palavra e respondeu: -Veja meu querido neto... da mesma forma como sua geração vive hoje, ou seja: -Uma geração Sem Orações; Sem Dignidade; Sem Compaixão e Sem Vergonha! Sem Fé; Sem Honra; Sem Lealdade; Sem respeito; Sem Personalidade; Sem Valores; Sem Noção de Compromisso; Sem o Eu Interior; Sem caráter; Sem “Tempero”; Sem Ideais; Sem Amor Próprio; Sem a Satisfação do Dever Cumprido; Sem Humanidade; Sem Modéstia; Sem Virtudes; Sem Honra; Sem Propósitos; Sem o “Isso eu não sei”; Sem Essência; Sem Força Interior; Sem Alma; Sem Identidade, quando, muito, de vocês nem sabem se são Homens ou Mulheres e Sem o “Tô nem aí” – com vocês dizem – para o futuro!

 

Nós, pessoas nascidas entre os anos de 1930 e 1980, somos abençoados e nossas vidas são uma grande prova disso: Depois da escola, fazíamos o dever de casa e após, saíamos para brincar. Jogávamos com Amigos Reais, não amigos virtuais da Internet.

 

(*) E se estivesse chovendo? Que maravilha! Aí, saímos para as ruas para nos enlamear fazendo uma “Guerra de Lama” imitando a Guerra de Neve, enquanto as nossas Mães – preocupadas com as nossas peraltices – se exasperavam e, aos gritos, nos mandavam entrar em casa para não adoecermos. Com muito respeito – hoje, inexistente – obedecíamos! Os nossos reais amigos tinham os apelidos – hoje, vocês denominam como ‘bullying’, palavra de uma língua – que não conhecem nem de elevador – mas a usam por ser um modismo linguístico, como tantas outras bobagens em voga e adotada por vocês que a julgam ser "chique" ou chiqueiro, tanto faz!

 

Se o amigo era obeso, tinha o apelido de Bolota. Se preto, tinha o apelido de Saci Pererê. Se branco fosse, era chamado de Branquelo. Se fosse vesgo, tinha o apelido de Caolho. Se fizesse uso de óculos, era chamado de Quatro Olhos. Nas peladas, ninguém era chamado pelo nome. Era o hipocorístico que reinava.

 

-“Passa a bola, Saci! – Chuta pra gol, Bolota! –Vai que é sua, Branquelo”! Eram os gritos ouvidos de incentivo dos atletas durante o jogo.  O interessante é que ninguém se importava com isso – era tudo brincadeira de criança, porque crianças erámos! Era o ‘bullying’ de hoje que tem provocado tamanha ira entre todos. E a sua geração de zumbis tecnológicos ainda não aprendeu que: “para acabar com o bullying, basta ignorá-lo” – só isso, para que ele perca a graça, se é que graça existe nessa tolice linguística!

 

Também, brigávamos, ficávamos “de mal” por um tempão que não durava um átimo de segundo, por sermos Amigos Reais e não Virtuais. Nós tínhamos, também, o telefone de linha, cuja linha era – na realidade – uma linha de coser por ser um telefone de lata que funcionava cosendo nossos papos muito bem, obrigado! A nossa Geração lamenta o surgirmento desta bisonha e tonta Geração Nomofóbica", escrava de uma louca tecnologia que transforma seres humanos em néscios zumbis nesse triste Choque de Gerações!

 

Na terra molhada, brincávamos de Barquinha. Era uma brincadeira onde fazíamos duas figuras em forma de barcos e cada um dos competidores ia fincando o ferrinho no chão riscando uma linha e fazendo um cercado, tentando defender seu barco e aprisionar o barco adversário. Fazíamos Bolinha de Sabão, jogávamos Bola de Gude e Peladas homéricas nas ruas. E, creiam, tínhamos até torcidas a nos aplaudir. Tínhamos ferimentos por todo o corpo (Nada que as nossas zelosas Doutoras Mamães não curavam.), causados pelas Brincadeiras de Crianças que éramos!

 

As chuvas provocavam enxurradas que nos deliravam. Era chegada a hora de colocarmos as nossas esquadras de valentes Barquinhos de Papel para galgarem as ondas das enxurradas oceânicas. Delirávamos ao vê-los vencendo-as. Aplaudíamos a valentia e bravura dos nossos Barquinhos de Papel, vendo-os vencer as procelas e tsunamis que ousavam enfrentá-los! Era alegria pura!

 

As meninas eram reais meninas a se preparar para a futura vida. Elas se esmeravam nos cuidados com as suas bonecas, fazendo as comidinhas delas. Eram inocentes crianças, obedientes crianças. Hoje, não mais! São inocências perdidas, frutos que "amadureceram" antes do tempo. São crianças aprendendo a brincar com os filhos, porque não tiveram tempo para brincar com as bonecas.

 

(*) Costumávamos criar nossos próprios brinquedos e brincar com eles. Nossos pais não eram ricos, mas nos deram e nos ensinaram o Amor Verdadeiro. Nunca tivemos Celulares, Laptops, DVD, Playstation, Xbox, Videogames, Notebooks e Internet, mas Tivemos e Temos – até hoje – Amigos REAIS.

 

Parentes moravam perto para aproveitar o Tempo Família. Podemos ter estado em “Fotos Preto e Branco”, mas você pode encontrar nelas Lembranças Bem Coloridas que o tempo jamais irá desbotá-las.

 

Somos uma Geração Única, pois somos a Última Geração que ouviu seus Pais e também a Primeira que “teve que ouvir seus filhos”, detentores de poderes que lhes foram dados, tornando-os: Os Ditadores das Normas. É a geração que pode roubar, traficar. Pode matar pai e mãe que lhes negaram o dinheiro para o sustento dos vícios. Pode espancar e matar professores pelo fato de não tê-los aprovados nas matérias escolares, cujas escolas, às vezes, nem chegaram a frequentar. São estupradores que o protecionista sistema criou com o maléfico ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente que os "entupiram de direitos, mas nunca lhes cobram Deveres". De há muito esta sua geração deixou de ser protótipo: são reais marginais, apoiados que são pelas esdrúxulas leis que os tornaram feras e não seres humanos como os da nossa Geração.

 

Não somos protótipos, somos uma Edição Limitada, e então, aproveitem, valorizem e aprendam com o ontem, para se tornarem os melhores de amanhã!

 

Compartilhem com todos os seus amigos para que eles valorizem seus ancestrais!!!

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Nota do autor:

Algumas partes deste texto são de um autor desconhecido. Os demais adendos são do titular desta Escrivaninha no Recanto!

Imagem: Google

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 20/12/2022
Alterado em 25/05/2023
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