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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

O Dia do Professor

 

O bornal usado não era nada chique como os que, hoje, infestam as lojas virtuais ou físicas. Era uma sacola de pano com uma alça que era pendurada no pescoço – ficando no sentido horizontal ao cruzar-se no peito. No seu interior estavam os cadernos e livros, bem como, lápis, borracha e a Gillette que era usada para apontar os lápis. Éramos inocentes. Não víamos na Gillette uma arma, hoje, proibida nas escolas, graças à violência que grassa sem graça alguma. No bornal, também era levada a merenda que os mais abastados (Não era o meu caso.) podiam levar. Enfim – e depois de percorrer alguns quilômetros a pé – estava chegando ao Grupo Escolar Dr. Manoel Esteves, onde as sorridentes e queridas Mestras Dona Jalila Nedir (uma santa pessoa) e Dona Ângela Mattos (Essa, vale dizer – mesmo sendo pequerrucha – era brava que só, tipo assim: escreveu não leu, a palmatória – não o pau – comia solta! Ela, também era possuidora de um nobilíssimo coração.) estavam à entrada e à nossa espera. Às minhas lembranças veem, também, a inconteste figura da nossa Diretora – a elegante Sra. Carmem Garcia. No seu caminhar, ela cruzava os pés, como hoje fazem as modelos e misses nas passarelas. Aquele seu andar – pés cruzando sobre pés – era cativante, assim como a sua beleza e bondade singulares eram a sua marca registrada.

 

Enfim, era chegada a hora de adentrarmos às salas de aulas. Adentramos, levando os risos e as constantes e inevitáveis algazarras que eram contidas com os enérgicos ‘psius, psius’’ das queridas Mestras. Saudades do passado de docílimas lembranças sinto! Tristemente volvo ao presente: desejo prestar àquelas bravas Mestras da minha infância, bem como, tentar – de certa forma – homenagear às sofridas Mestras e Mestres Professores atuais!

 

Eis, que constato: se sou o que sou – a elas tudo devo! Hoje – se Tu, Ele, Nós, Vós e Eles – somos o que somos, aos nossos amados Mestres a tudo devemos. Sim, nada seríamos se eles – os nossos tão sofridos e desprotegidos Professores – não existissem. A Classe dos Professores é o Útero/mor gerador de todas as demais profissões. Daí podermos afirmar: sem a sofrida Classe dos Professores nada seríamos, o progresso não existiria e estaríamos, hoje, vegetando (sem, contudo, viver) na Idade da Pedra Lascada, bem antes da Polida.

Paira, todavia, no ar a pergunta:

- Por que esta laboriosa Classe dos Professores é tão desprestigiada pelos governantes brasileiros?

- Porque será mais fácil conduzir – sob rédeas curtas, um asno! Um sábio – por ter frequentado uma escola – será difícil de se conduzir, sob o jugo das rédeas escravagistas dos políticos exploradores da ignorância vigente na cabeça dos eleitores asnos, que os elegem com falsas e ilusórias promessas nunca cumpridas. Eis a mais óbvia e eloquente resposta! É, portanto, bem mais fácil a condução dos tolos asnos, que a dos esclarecidos e sapientes eleitores.

 

As comemorações:

 

Estamos comemorando (Comemorando o quê?) mais um Dia do Professor. Nada, todavia, existe para ser comemorado. Mudanças sonhadas – sonhos continuam a ser! O tão badalado reconhecimento devido – e prometido pelas autoridades (in)competentes – continua nos braços de Morfeu, dormindo o sono eterno dos injustos e sendo velado pelos corruptos políticos de antanho, como os de hoje!

 

O Dia do Professor será exaltado pelos políticos que irão proferir novas e indeléveis loas aos valentes Mestres, velhas – vistas como novas – promessas serão formuladas, para nunca serem cumpridas.

- Como poderemos salvar esta nobilíssima Classe dos Professores? – Esta é a pergunta que paira no ar, buscando chegar aos ouvidos de todos os governantes!

 

Caberá a mim (o Eu, Tu, Ele, Nós, Vós e Eles) – e aos demais profissionais de todas as profissões geradas no Útero/mor desta nobilíssima Classe dos Professores – lutarmos pelos seus direitos negados e somente lembrados antes da abertura das urnas. Fechadas as urnas... fechadas as promessas que serão esquecidas e que voltarão a serem lembradas, no próximo pleito, sob o manto das deslavadas mentiras. Elas, agora irão se acomodar nos braços de Morfeu, dormindo e aguardando a reabertura das urnas, numa futura eleição.

 

Cabe, todavia, uma hilária solução: -Se a Classe dos Professores fosse formadora de asnos – zumbis que não soubessem votar – ela seria a mais valorizada pela nefasta classe dos canalhas que nodoa a política brasileira. Os eleitores seriam uma tropa de jumentos (alguns já são) que iria elegê-los em todos os pleitos, sem nada exigir ou mesmo contestar. Jumento não contesta – mas vota! O sábio eleitor, convenhamos, é um perigo para a classe – sem classe nenhuma – dos corruptos políticos brasileiros.

 

Somos covardes! Nos revoltamos ao vermos um Professor apanhando dos marginais, que infestam as salas de aula e – no dia seguinte – lá está na sala de aula o Professor com a cara inchada vendo e ouvindo o marginal sorrindo o riso da idiótica brutalidade cometida sem, todavia pagar pelo crime perpetrado. Por ser “de menor”, tudo lhe é permitido fazer. Ele pode matar sem cometer o crime de homicídio. O menor não mata! O tadinho (Sic!) “comete um ato infracional análogo ao homicídio”. É “linda” esta definição defensiva e usada pelo menor na prática de todas as demais atrocidades cometidas. Então – e por estar amparado pelas esdrúxulas leis protecionistas criadas pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – o marginal segue matando, estuprando, traficando, batendo nos pais, mães e Professores – e ‘fica o dito pelo não dito’: antigo adágio popular! O ECA se tornou (Pasmem!) o útero/mor da marginalidade reinante: uma fábrica de estupradores, traficantes, assassinos de pais, mães e Professores. E vivas damos, para este nosso Brasil, sil, sil, sil (...) sem ser o varonil!

-Pode isso, Arnaldo? – indaga Galvão Bueno!

-Pode, sim, Galvão! – responde Arnaldo César Coelho. Estamos no Brasil!

 

Somos meros e insensíveis covardes por agirmos – como agira Pilatos – ao lavarmos as nossas mãos como se culpa não tivéssemos – mas, assim como Pilatos, temos muita culpa – ao não cerrarmos fileiras nas hostes desta honrada e necessária Classe dos Professores, para que ela possa ter os seus devidos direitos reconhecidos e – acima de tudo – dados! Não basta saber e reconhecer esses direitos se eles lhes forem negados. Reconhecer e, acima de tudo conceder-lhes, é a obrigação dos políticos que regem a nossa nação brasileira. Dentre os sacrossantos direitos reivindicados está o de um Salário Justo. Mas – e como bem disse o saudoso humorista Chico Anísio: -“E o salário? Ho”!... – uma mixaria, acrescento-lhe!

 

Uma homenagem:

 

Aos queridos Professores – confrades e confreiras – deste nosso sodalício Recanto das Letras e a vocês idolatradas Mestras Dona Jalila Nedir (uma santa Mestra e pessoa) e Dona Ângela Mattos (Essa, vale dizer – mesmo sendo pequerrucha – era brava que só, tipo assim: escreveu não leu, a palmatória comia solta! Ela, também, era possuidora de um nobilíssimo coração.) minhas inesquecíveis Mestras de saudosas e indeléveis lembranças, quero lhes pedir perdão pelo meu omisso ato de nada fazer por vocês. Sozinho, nada posso fazer, todavia, conclamo com os meus escritos, para que, juntos possamos criar um Elo Protetivo à Classe dos Professores. Que os meus gritos escritos sejam ouvidos pelos insensíveis ouvidos dos que nos regem. Se Eu, Tu, Ele, Nós, Vós e Eles nos unirmos – escrevendo ou gritando a nossa revolta – salvaremos o nosso Útero/gerador de sapiências que irá salvar a humanidade: a nobilíssima Classe dos Professores!

 

Aos Mestres e ínclitos Professores – com Amor, Carinho e Agradecimentos Eternos – os meus mais efusivos votos de que possam ter um Feliz Dia dos Professores!

IMAGEM: Google

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 14/10/2022
Alterado em 14/10/2022
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