com Um Bom Charuto, Tudo se Resolve!
Final de ano, comércio fervilhando, shoppings superlotados. Este era o palco para um grotesco espetáculo apresentado por um pirralho e grotesco ‘aborrescente’. E ele dava o seu show de pirraça. Assentado ao chão, ele esticava e encolhia, alternadamente, as pernas esfregando-as no encerado chão. E tudo isso era feito enquanto – aos gritos e choros incontidos – incomodava os passantes. Aos que viam aquela grotesca cena, por certo, pensariam que a coitada mãe o havia esfolado vivo. Engano – mero engano! A pirraça era devida ao desejo de que a mãe comprasse para ele o fruto dos seus sonhos: um celular de última geração cuja “patente de última geração” viria, dia seguinte, perdê-la.
O choro prossegue. A mãe tentava – morrendo de vergonha – conter a vontade de esganá-lo, mas continha-se! Pela sua cabeça, o incontido pensar deveria estar fervilhando: Ao chegarmos à nossa casa (Humpft!) eu esfolo esse FDC (Filho De Corno)! Este pensamento a faz rilhar os dentes, expulsando um pouco o teor da ira sentida, mas contida. Ela sorri com um riso amarelo!
-Joãozinho, levanta daí, menino! Vamos embora, vamos! – dizia já com os nervos à flor da pele!
-Não (Buaaa)! Num vou não (Snif!) buaaa! – chorava e dizia o endiabrado!
Ao lado, estava um senhor vestido com um bem cortado terno, chapéu de feltro e um bem ajustado colete. A sua enorme estatura, barriga saliente e um riso incontido faziam-nos recordar a figura do lorde inglês Winston Leonard Spencer Churchill, Sir de brilhante atuação durante os conflitos gerados pela Segunda Guerra Mundial. E esta semelhança era reforçada pelo hábito do uso do charuto. Sim! Pois – assim como Churchill – o nosso personagem sósia está fumando um grosso e enorme charuto cuja brasa, a cada tragada, se tornava maior e mais incandescente! Ele se aproxima da aflita mãe:
- O que houve com o seu filhinho, minha senhora? – indaga-a!
- É pura pirraça! Ele está querendo um caríssimo celular e ...
- Posso ajudá-la? – interrompe-a gentilmente o nosso Churchill!
- Por favor! Se o senhor quiser eu... aceito a sua ajuda!
Sir Churchill se aproxima do aborrescente, posta-se de cócoras perto dele, puxa uma enorme tragada fazendo a brasa do charuto parecer bem maior que era. Solta a fumaça, olha bem dentro dos olhos do canastrão e aproxima a boca ao ouvido do aborrescente. À medida em que ele fala, Joãozinho se cala! Os olhos assustados – quase saindo das órbitas – nem piscavam pelo medo que sentia. O pirralho aborrescente estava quase fazendo xixi na minúscula calça.
O menino assustado enxuga as lágrimas da chantagem que lhe escorria pelas faces. Ato seguinte, trêmulo, corre ao encontro da mãe pedindo-a:
-Mãe, vamos embora, vamos depressa! Vamos mamãe!
A mãe do aborrescente – sem nada entender, mas querendo entender – sai em busca do senhor fumante do charuto.
-Muito obrigada, meu senhor! Mas, o que o senhor disse ao meu filho que o fez mudar de ideia tão... repentinamente? – quis saber!
-Nada demais! Simplesmente disse-lhe: -“Escute aqui seu merdinha, se você continuar com esta pirraça, vou enfiar este charuto – inteirinho e bem acesso, com esta brasa e tudo mais – dentro do seu fiofó! Entendeu?”
Grata - e agora sorridente - a senhora mãe se despede de Sir Churchill e sai em busca de uma tabacaria. Precisava comprar uma caixa de charutos