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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

ESTA É A HISTÓRIA DO JOÃO B.P.

 

O João – tadinho do João – era um sofredor. Sofria do pior de todos os males pelos quais possa imaginar o ser humano – principalmente, sendo ele do gênero masculino. Os “amigos” (Amigos? Humpf!) sabedores do seu triste problema, partiam para as costumeiras gozações que feriam o coitado do João, fazendo-o sofrer mais que o Cristo. Mas, qual era o problema do João?

 

Quando nasceu, o João tinha – como todos os meninos – um bilauzinho pequeno. O João cresceu, mas o bilau continuou sendo um mero ‘bilauzinho’, medindo 1,6 cm se estivesse "dormindo" e, no máximo, 1,9 cm se tanto, se estivesse "acordado". Era tão absurda a coisa que, para ele fazer o nº 1, o popular xixi, usava um canudinho para não molhar a calça. O hipocorístico B.P. – dado ao coitado – significava Bilau Pequeno, ou seja: João Bilau Pequeno!

 

Por ouvir dizer, ele buscou ajuda na internet, onde encontrou uns variados e “milagrosos remédios (Sic!)” que faziam crescer qualquer bilau em até 7(sete) centímetros, em apenas uma semana. – “Beleza, meu! Em um mês de uso deste medicamento, estarei com um bilauzão com, no mínimo, 30 centímetros! – pensou o João com os seus indefectíveis botões! Na realidade – mal sabia ele – era uma mera enganação que levara tantos Joãos a descobrirem ter caído numa esparrela: Caíra no conto do Bilau Pequeno! Para evitar as gozações que viriam, preferiu não contar sobre o conto do qual fora mais uma das vítimas!  

 

Agora, e já refeito do nocaute sofrido, João fez o que deveria ter sido feito de há muito: buscou ajuda médica. O urologista ao ver aquela ‘coisinha à toa’ só não caiu na gargalhada por respeito à ética profissional. -“Senhor João, teremos que fazer alguns exames. O micropênis é um raro fenômeno em que o menino nasce com um pênis naturalmente pequeno, tendo um comprimento inferior a 2,5 cm, abaixo da média da idade ou do estágio de desenvolvimento sexual e afeta 1(um) a cada 200(duzentos) meninos.

-Farei o pedido de todos os exames, para que possamos avaliar os procedimentos que usaremos no seu caso.” – explica-lhe o médico!

 

Exames prontos. Nova consulta marcada. Novas esperanças brotam na mente do João: -“Vai dar tudo certo! Já me disseram que esse médico é “uma fera” neste tipo de tratamento!” – elucubrava sorrindo o esperançoso João, tendo o coração pululando pelas emoções antecipadamente sentidas!

 

O Retorno ao médico:

 

O “médico fera” – a esperança do João – abre os exames. O João, aflito, nem piscava. Buscava encontrar na face do médico um raio de esperança, um alento que não viera. Um corisco lhe cai sobre a cabeça ao ouvir do médico o diagnóstico/sentença dos seus pesadelos:

-“Sr. João, nada posso fazer a não ser recomendá-lo na busca de ajuda com um psicólogo.” – dissera-lhe o médico!

João, taciturno, cabisbaixo, sai do consultório. Lá, deixou morta aquela que diziam ser a última que morre – a esperança que ele havia levado a tiracolo – e que, agora, jazia dentro de uma lixeira.

 

Dia seguinte e lá está ele buscando alento junto aos “amigos” que – sem respeitar a dor do coitado, o gozavam.

–“Fica frio, amigão! Um dia deste, você vai encontrar uma xaninha do tamanho de uma caixa de fósforos e, aí, vai ficar tudo no seu devido lugar pelo tamanho das coisas!” – diziam entre risos sem respeitar as dores do João!

 

Mas – miséria pouca é bobagem – já dizia o adágio popular! Então – e para piorar ainda mais a situação do João – havia na cidade o Ricardo – idolatrado pelo tamanhão do seu bilau, cujo hipocorístico era Ricardo “B.G.”, ou seja, Ricardo Bilau Grande (Grande? Não, enorme!), que fazia muito sucesso entre as mulheres e causava a maior inveja nos homens.

 

Para dar vazão aos ímpetos incontidos da natureza, o João saía em busca das meninas que vendiam amores nas Casas de Luzes Vermelhas. Em lá chegando, ele partia logo para o quarto ordenando:

-Apague a luz!

-Mas (...)

-Apague a luz! – repetiu exasperado cortando a frase da menina!

Luzes apagadas, o João tartamudeando a cama, encontra a menina. No ato do rala e rola, o Vapt era sempre tão ou mais rápido que o Vupt. Ele paga e sai como entrara: às escondidas!

 

Resumindo: a vida do João era algo de se lamentar. Evitando os vexames de sempre, quando da sua ida à Casa das Luzes Vermelha, o João se satisfazia no solitário amor antes do banho, quando, então, era travada a covarde luta dos Três contra Um, onde o bilauzinho – enforcado pelo médio, indicador e polegar – sofria mais que o pobre João entre os seus falsos amigos.

 

A Salvação do João:

 

Mas nem tudo estava perdido. Eis que o Ricardo B.G. resolve ajudar o João. Encontra-o assentado na pracinha da cidade, cumprimenta-o, dizendo-lhe: -João, eu quero ajudar você a sair desta. Eu já fui assim. Tinha um bilauzinho que me enchia de vergonha.

João, cheio de interesse no papo, quer saber, em detalhes, como ele conseguiu transformar o bilauzinho em bilauzão.

-Como você consegui isso, Ricardo? Me conta, vai!

-Pois é – inicia o Ricardo – vou lhe dar o endereço de um Pai de Santo que é tiro e queda neste tipo de tratamento de bilau pequeno. (Enquanto falava, Ricardo escrevia e João tremia pela emoção sentida!) Terminando, ele entrega o endereço ao João, se despede e vai, não sem antes, dizer-lhe:

- Você deve buscar este Pai de Santo na quinta-feira, pois o trabalho deve se concluir na sexta-feira à meia noite. Fica tranquilo, meu amigo, vai dar certo, meu amigo... vai dar certo! -João – olhos banhados pelas lágrimas – abraça-o, agradece-o e se vai!

 

O Encontro:

 

Dia marcado e lá estava o João na Cabana do Pai de Santo que o recebe dizendo-lhe:

-Num percisa dizê o que cê tá sintino. O Pai Véi sabe de tudo e vai ajuda mizifi, viu? Cê vai leva essa beberage do Pai Véi e quando dé a meia noite, mizfi vai entrar no cemitero, e ficá isperando a hora qui o cavalo rinchar. Intão, mizifi, inquanto o cavalo tiver rinchando, ocê ingole a beberge tudim de uma golada só. Cê vai ficá tonto, vai caí no chão e, quando acordá, mizifi vai ver o tamanhão que tá o seu bilau. Muito cuidado, mizifi. Só bebe depois que o cavalo rinchar, viu?

-Quanto devo ao senhor, Pai Véi? – indaga João!

-Pai Véi num cobrá nada não, mizifi. Vai cum as bênça de todos os ispritos de luz! Vai cum Deus, mizifi... vai cum Deus!

 

A Ida ao Cemitério:

 

Nem bem o sol se escondia por detras das cacundas da serra, o João já estava no portão do Cemitério, tendo ao seu lado o amigo Ricardo que o incentivava:

-Você vai ser – como eu – o homem mais feliz do mundo! – dissera-lhe!

 

A noite já se fazia presente. O relógio parecia ser o pior dos inimigos do João: parecia ter se emperrado, tamanha era a aflição do João! Ao chegar, ele tinha visto uns cavalos no entorno do cemitério. Era só esperar a meia noite chegar, o cavalo relinchar, beber a beberagem do Pai de Santo para que o seu bilauzino se transformasse num tremendo bilauzão!

 

Enfim, chega a hora marcada. Beberagem na mão e torcida para que o cavalo relinchasse. Como num passe de mágica, os seus ávidos ouvidos escutam o tão esperado relinchado cavalar. Aflito, ele toma todo o conteúdo do frasco. O mundo começa a girar e ele – como era de se esperar – desfalece.

 

O tempo passa. João acorda. Olha em volta e, curioso, vai apalpar a região onde o falecido bilauzinho habitava. Algo de estranho acontece. Ele olha e vê aquela coisona – enorme mesmo – entre as suas pernas. João dá um grito. Só, então – e tristemente, diga-se – ele se dá conta do acontecido:

O muar que havia relinchado não era um Cavalo, era uma Égua! Agora, ele estava com uma enorme Xanão!

 

Imagem: Google

 

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 01/05/2022
Alterado em 01/05/2022
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