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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

A Formiga Que Amava o Elefante

 

Ritanajura é uma formiguinha muito charmosa, bonita e a mais desejada pelos Formigões do formigueiro! O seu avantajado bumbum era invejado pelas outras e desejado pelos outros. O seu coração, todavia, batia descompassado, arrítmico, pelo elefante Jotalhão.

 

-Ai amiga, não sei mais o que fazer para conquistar o Jotalhão! – dissera à sua amiga confidente Saúvina!

-Tá maluca da cuca, tá? Humpf! Com tantos e lindos formigões babando por uma oportunidade de conquistar o seu coração, e você vai se apaixonar por um elefante? Sem essa, amiga... sem essa, tá?

-Amiga, desde o dia em que vi aquela enorme tromba (Ufa! Não deu outra!) foi amor à primeira vista. Ele é tão lindo, charmoso e com aquele seu andar malevolente sacudindo aquela tromba maravilhosa – ai, amiga, não deu outra: gamei mesmo! – dissera Ritanajura revirando os olhos e as suas anteninhas!

-Quer saber, sua tonta? Fui! Lugar de formiga doida é no hospício. Vai atrás do seu elefantão e verá as consequências. Tchau e bênção pra você! Fui!

 

Ainda revirando os ocelos, Ritanajura recostou-se em um tronco e ficou matutando as ideias, buscando nelas bolar um plano para conquistar o amor do Jotalhão. Pensamentos vão, pensamentos vêm e – até que enfim – a lâmpada das boas ideias lhe traz um plano. –Eureka! Como não pensei isso antes? Vou colocar este plano em jogo agora mesmo! – dissera cheia de orgulho próprio!

 

Assim pensando, ela postou-se à beira de um riacho (Para as dimensões do seu tamanho, era um oceano.) e ficou aguardando a chegada de Jotalhão – o seu amado – que, todas as tardes, vinha para tomar água e se banhar!

Ritanajura sente o solo todo estremecer. Não era um terremoto, eram as pisadas do Jotalhão que, do riacho, se aproximava. Aflita que só, Ritanajura se alvoraça. É hoje – agora ou nunca – que pego este meu Elefante Gatão!

 

O Jotalhão chega à margem do riacho e vê a Ritanajura assentada sobre uma pedra, trajando um vestidinho curto e um sapato alto, tendo na cabeça um lenço prendendo as suas anteninhas. Cumprimenta-a: -Boa tarde Ritinha (Não é preciso dizer – mas digo – que o vozeirão do Jotalhão chamando-a pelo carinhoso e diminuto hipocorístico Ritinha, causara na Ritanajura, os frêmitos como de quem chega ao Nirvana.), como vai você?

 

-Ai, Jotalhão, eu estou ótima, muito bem! – dissera enquanto balouçava as suas trêmulas anteninhas! Mas, estou com um problema: preciso atravessar o riacho – você me ajuda? (É hoje que a onça vai beber água. Hoje serei dele, todinha dele! Ai, meu Tupã! São tantas as emoções. Estou tremendo, todinha! - pensou a eufórica Ritinha!)

-Claro que sim! Suba na minha tromba que eu a levarei até o outro lado do riacho! – dissera o amado Jotalhão, retirando a Ritinha dos seus devaneios!

 

O coraçãozinho da Ritanajura quase a faz sofrer um infarto. Subir e assentar-se naquela tromba enorme, era – para ela – um sonho impossível que, agora, se realizava. Eram tantas emoções causadas que faziam as suas perninhas tremularem como o trigo nos trigais. Ela sobe. A travessia tivera o início, mas Ritanajura não queria que tivesse o fim. Para ela, o ficar naquela tromba era tudo o que mais queria da vida! A travessia, para tristeza da Ritanajura, chegara ao fim. Lamentando, ela desce – entre suspiros e lamentos – da gostosa tromba do Jotalhão!

-Muito obrigada, querido e gostoso Jotalhão! – dissera cheia de dengos e promessas!

-Por nada, Ritinha! – dissera o amado!

-Muito obrigaaaada, meu lindo e desejado Jotalhão! – repete Ritanajura piscando os ocelos!

-Por nada, Ritinha... por nada! – repete Jotalhão!

Ritanajura – nesta altura do campeonato –, putíssima da vida, retruca:

-Bicha, bicha, bicha! Sua bicha louca!.. Biiiichooonaaa!

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O elefante Jotalhão e a formiguinha Ritanajura são personagens do grande escritor Maurício de Souza, criador das revistas “HQ Turma da Mônica”, da qual sou assinante e leitor assíduo da gostosa e mais querida Turminha!

Nota do autor!

Imagem: Google

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 29/10/2021
Alterado em 01/11/2021
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