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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos
O Amor Primaveril Está No Ar
Introito:
... Os seus pequeníssimos ocelos vasculhavam os arredores. Estava faminto e buscava com o seu arguto faro onde a comida poderia estar. Mas ela não estava em lugar algum que pudesse, por ele, ser alcançada!

Um par de pios olhos o observa. Duas mãos se estendem e o acariciam e ele se rende. Mesmo estando ele sujinho, as benignas mãos não o rejeitam e, no colo, o acolhe, acaricia-o e o leva para um abrigo onde ele matou a fome que grassava na sua barriguinha. Agora, já saciada a fome, uma nova etapa na sua vida acontece: As benignas mãos acolhedoras o levam para um tanque onde um necessário banho lhe é dado. Ele sente um grande alívio. As pulgas e carrapatos - que de há muito o incomodavam – foram eliminados! A dona das mãos acolhedoras fala, enquanto sorria:
-Preciso dar um nome a esta coisinha. Já sei: Tobe – ele se chamará Tobe! – dissera!
-Taí..., gostei deste nomezinho. Tobe é, agora, o meu nome – dissera de si para si mesmo o cachorrinho recém-adotado, enquanto balouçava o rabinho demonstrando todo o seu contentamento!

Cheiroso e serelepe, ele começa a vasculhar o seu novo lar que, na verdade, era um abrigo para animais, como ele, abandonados por insensíveis donos! Nas suas andanças, ele se encontra com aquele que viria a ser o seu primeiro amigo. Então, se cumprimentam, trocam cheiradas anais (Aquelas coisas de cachorros ao se conhecerem.) e entabulam um forte papo canino.
- O meu nome é Beto! Qual é o seu?
- Tobe – meu nome é Tobe! Grande prazer em lhe conhecer! – dissera-lhe!
De repente, os ocelos de Tobe quase saem das órbitas. A um canto, sob a sombra de uma frondosa árvore, uma linda Cadelinha se refestelava.
- Beto, que mina é aquela, meu? – indaga ao amigo!
- Aquela mina é a Bethe que adora ser chamada de Betinha. Ela é a xodó da nossa mãezona!
- Me apresenta para ela, vai! Quero levar um papo com ela!
- Apresento, sim! Vamos lá! Chegando à fresca sombra protetora, Beto cumprimenta a Betinha que trazia, adornando-lhe o pescoço, uma linda tiara: (Abro um parêntese para dizer aos meus leitores que não houve as costumeiras cheiradas anais, mesmo porque a Betinha é uma mocinha e já se conheciam. Afora isso, o respeito é bom e ela gosta!) Sigamos, pois:
- Oi, Betinha! Este aqui é um recém-chegado, boa gente e tá a fim de lhe conhecer! Então – e sem as costumeiras cheiradas anais – as apresentações são feitas: -Betinha este é o Tobe! Tobe, esta é a Betinha!
- Muito prazer! – dissera Betinha toda cheia de dengos. Ela sabia que era a mais bonita do pedaço por ser conhecedora de todos os seus caninos encantos!
- O prazer é todo meu! – dissera o feliz Tobe!
 
Parte I:
 O tempo passa! A Casa Abrigo está em festa. Era o esperado dia das adoções, no qual as boas pessoas se apresentavam, buscando adotar um dos cãezinhos ali confinados. Tobe era o alvo de todos os olhares das crianças e dos adultos. E ele – orgulhoso que só – passeava de mãos em mãos que o cobriam de mimos e carícias. Enfim, o martelo é batido. O Tobe seria adotado por uma jovem mãe de uma linda menina que – como as demais crianças – se encantara com o Tobe. Mãe e filha se afastam em direção ao carro.

No colo da menina, o Tobe é levado. Os seus ocelos buscam encontrar os olhos da amada Betinha – encontra-os! Eles não demonstram felicidade, só uma tristeza marcante. Dando um safanão, Tobe consegue pular do colo que o mantinha e parte em direção da amada Betinha, morde com força a coleirinha que ela mantinha no pescoço e – puxando-a para junto de si – sai em busca da menina. Latindo e balouçando o rabinho, queria fazer um pedido à menina:
- Não a deixem aqui! Adotem-na! – desesperado, implorava!

Mesmo não entendendo a linguagem canina, os corações humanos se incumbiram na tradução e a Betinha – juntamente com o Tobe – foram, também, adotados pela mãe da menina!
 
Epílogo:
O inverno chega ao seu ocaso. A primaveril tarde é um convite a um passeio pela Praça naquela linda tarde. E lá estava a família da adoção do Tobe que, feliz, corria saltitante pelo gramado. De repente, ele ouve um latido que dizia:
-Tobe... Tobeee!... Oi, Tobe! Chega mais meu rapaz!

Era o velho amigo Beto que, feliz por revê-lo o cumprimentava entre os balouçares dos rabos e latidos. Tobe, feliz, vai ao seu encontro!
-E aí, meu irmão? O que tem feito da vida? – indagou!
-Estou numa boa, meu! – dissera o velho amigo Beto! Fui, também, adotado por uma boa família. Cara... tenho uma vizinha que é uma belezura (Uma Gata, no bom sentido - claro!) e estamos namorando firme e gostoso! Ambos – entre latidos/risos – riram à beça!
De repente, Tobe ouve um grito:
- Tobe, meu amor, onde estão as nossas crianças? Era a Betinha que, se alegrando por reconhecer o amigo Beto, dá saltinhos de felicidade, enquanto balança o felpudo rabinho cumprimentando-o.
- Eles estão ali, meu amor, aos cuidados da nossa menina amiga!
Rindo um canino riso, o Tobe fala para o Beto:
-Estas mãezinhas de primeira viagem são todas iguais!
-Aquela turma toda são filhos seus? – indaga Beto!
-Claro que são! E a outra molecada, em breve, vai chegar para aumentar a nossa alegria!

Entre latidos/risos, riem Tobe, o Beto e a envergonhada e pudica Betinha!

É a primavera chegando, trazendo no seu bojo a prova de um verdadeiro amor!
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Imagem: Google
 
 
 
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 30/08/2021
Alterado em 17/09/2021
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