Maldito o Dente Que Tritura Uma Semente
Ainda vestindo um roupão – era uma fria manhã de domingo – aproximo-me da mesa para o meu breakfast. O visual mostrava o menu de tentadora e convidativa aparência composto por variadas frutas: mamão, uva, maçã, pera e uma fruta diferente das demais e nunca dantes por mim degustada – a pitaya! Descrevo-a: A pitaya branca, é uma espécie de pitaya pertencente ao gênero Hylocereus e a família Cactaceae, é disseminada na América Latina e cultivada nos quatro continentes, e pode ser encontrada desde Israel até a China. Muito obrigado querida Wikipédia! Feita a descrição falta dizer que a pitaya é uma delícia. Por ter degustado e gostado, digo que adorei conhecê-la!
À mesa assento-me. Parto o mamão e a sua aberta “barriga” mostra-me uma incrível quantidade de sementes. Diferentemente da pitaya, o mamão era de há muito um velho e saboroso conhecido. Mas um detalhe despertou-me uma atenção que nunca tivera: a quantidade de sementes contidas naquela fruta. E isso me fez viajar no tempo. (Perdão aos meus leitores por fazer citações às viagens que faço, usando as Asas das Minhas Elucubrações.) A minha viagem termina com o Eu menino ao lado do meu amado Vovô Benício, quando, então, dele ouço pela primeira vez este sapiente pensamento possuidor de beleza e profundidade abissal: - “Maldito o dente que tritura uma semente!”
A minha viagem termina e à mesa retorno. De ventre escancarado, a fruta mamão mostrava-me as atrativas sementes. E elas pareciam (Juro que as ouvi!) dizer-me: - “Por favor, não nos triture! Precisamos fazer gerar novos mamoeiros com novas frutas, para minimizar a fome do mundo!”
-Fiquem tranquilas, bobinhas! Não as triturarei. Não quero ferir a imagem do meu sapiente e amado Vovô Benício! Então pude ouvir (Por favor, não me façam jurar novamente, mas ouvi, sim!) uns gritos de alívio e agradecimentos que as sementes a mim davam! (É verdade sim. Elas me agradeceram, está bem? Se quiserem acreditar, acreditem se, não... fazer o quê? Paciência!)
Notícia na televisão:
O famélico “Leão Estomacal” ruge e à mesa assento-me! Entre sorrisos indisfarçáveis, mando uma telepática mensagem ao meu querido ídolo Vovô Benício. Com um garfo, começo a separar com esmero cuidado as sementes do mamão e das demais frutas que compunham o menu – inclusive as milhares de sementes da debutante da minha mesa, a pitaya! Devo dizer: - Nunca vi uma fruta com tamanha quantidade de sementes!
A televisão está ligada! Enquanto degusto, ouço as notícias no jornalismo da TV. Um senhor presidente de uma ONG não governamental (mesmo por que não temos governo) dava conselhos aos telespectadores. Ao ouvi-lo dizer sobre os cuidados que deveríamos ter com as sementes ouricei os ouvidos. E ele dizia na entrevista:
-“O Brasil é o segundo maior produtor de alimentos do mundo. Em 2025, seremos os maiores produtores mundiais de alimentos! Mas, e mesmo assim, é o país onde existe um povo que mais passa fome no mundo. Com o surto da Pandemia (A gripezinha do Presidente!) estamos com 19 milhões de brasileiros passando fome. Existe a culpa governamental? Sim, a culpa existe. Mas poderíamos fazer mais – muito mais! Ao degustarmos as frutas, por exemplo, deveríamos guardar estas sementes (Meus olhos abertos se fixaram na tela da televisão.) para quando, em nossas viagens, podermos espalhá-las pelos campos, às beiras das estradas ou mesmo nas nossas praças, parques e jardins (...)!”
A entrevista prossegue. Os meus ouvidos estão surdos – nada mais ouço. Um sorriso de felicidade – indizível felicidade – se esparge pelo meu rosto. O meu amado ídolo/avô era realmente um sábio. Somente agora os sábios estão vendo aquilo que o meu iletrado(Sic!) Vovô já preconizava. Parabéns para o meu sapiente e velho amigo, Vovô Benício! Você, como sempre, estava acobertado de razões. Hoje, o mundo está tentando por em prática tudo aquilo que você preconizou! Aplaudo-o meu sapiente Vovô Benício Barbosa Santiago.
Ensinamentos da Natureza:
A natureza nos dá os exatos caminhos a serem percorridos para cuidarmos do nosso planeta, mantermos um vasto cardápio alimentar sem que viéssemos passar tanta fome como tem passado o sofrido povo brasileiro, e termos o devido cuidado com o nosso habitat. Se os homens imitassem os animais frugívoros o mundo não seria carente de alimentos. Frugívoro é o animal cuja dieta alimentar é composta principalmente de frutos, não causando prejuízo às sementes de uma planta, que são eliminadas intactas por defecação ou regurgitação. O animal homem é também um frugívoro, mas a sua racionalidade não o faz proceder como os animais irracionais. Estes, sim, cuidam da natureza por entenderem que, dela, eles precisam. O homem – na sua parvoíce crônica – é o único dos animais que destrói o meio ambiente no qual vive. É um tremendo dó não sermos irracionais. A natureza iria agradecer!
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Imagem: Google