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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos
Nenhum Homem Consegue Enganar
Uma Espertíssima Mulher
Ricardo era o homem mais invejado pelos homens e o mais desejado por todas as mulheres. A inveja dos homens tinha um óbvio motivo: a incontestável beleza da qual o Ricardo era dotado. Nos seus 1,95cm de altura se encontravam uma invejável e bem cuidada musculatura, barriga tanquinho e uma torneira que aumentava a inveja dos homens e atiçava as brasas nas entranhas das mulheres, por despertar os sonhos e desejos nelas contidos. A sua beleza seria comparada ao deus Apolo e bem maior que a do Narciso. Os seus negros e brilhantes cabelos balouçavam ao toque do seu caminhar. A fechada e bem cuidada barba aparada era o seu charme e orgulho da esposa que, diuturnamente, dela cuidava com esmerado carinho: escovando-a e aparando os pelos faciais! O Ricardo era casado com a mulher mais invejada da cidade. Todas gostariam de estar ocupando o lugar ocupado pela Ângela que, também era uma linda mulher. E todos os homens gostariam de estar ocupando o lugar do garanhão Ricardo. Coisas da vida que somente Freud explicaria!

Acontece que o Ricardo tinha uma amante mantida sob um segredo de sete chaves. Naquela manhã de segunda-feira, ao adentrar a sala de onde dirigia a sua empresa, o telefone toca, ele atende. Era a amante!

-Bom dia, meu amor! Estou morrendo de saudades, meu querido. E sem mais delongas, foi direto ao assunto: - Amor, na próxima sexta-feira é o dia do meu aniversário e estou esperando você para aquele jantarzinho a dois, viu? Tem um detalhe: em todos os meus aniversários, você sempre me presenteou com joias ou finas roupas. Nesta comemoração de agora, não quero nenhum presente, mas faço um pedido: raspe a sua barba e venha me ver com a sua cara bem...
-Amor, você sabe que não posso fazer isso! A minha esposa vai...
-Não quero nem saber. Se você não vier com a barba feita, vai ser o ponto final do nosso amor!

-Mas benz... plaft! – com um baque seco a concubina desligou!
Ricardo abaixou a cabeça sobre a mesa e ficou meditando o que poderia fazer – não queria perder a amante! Uma ideia surge. Ao chegar a sua casa avisa à esposa: - Querida, na próxima sexta-feira terei que ir ao Rio de Janeiro para uma reunião com alguns empresários. Pegarei a ponte aérea para ir e voltar no mesmo dia. Devo chegar bem tarde, então, não me espere para o jantar.
-Está bem, meu amor! – respondeu a esposa Ângela!
 
Sexta-feira 13:
 
É chegada a sexta-feira. Ricardo é o último a sair do escritório – fizera de propósito, porque não queria ser visto sem a sua linda barba. Ao chegar à garagem da empresa, pega o carro e se dirige para os braços da amante!

-Ao vê-lo sem a barba, ela se derrete toda por ter recebido aquela prova de inconteste amor. Há, todavia, um detalhe importante: ela, também, gostava daquela barba. O que a corroía era o doentio ciúmes por saber que a sua “rival” (Sim, ela se julgava a titular.) era quem tinha todos os cuidados em aparar os pelos faciais, escová-la. A sua vingança era aquela conseguida com a barba raspada, por ser uma prova de amor. Presente maior não há – pensou com os seus botões e com eles sorriu o riso da vitória!

A festa – com bundalêlê e companhia – rolou pela madrugada adentro!
E já era bem alta a madrugada quando o Ricardo chegou à sua casa. Devagarinho – ‘pé ante pé’ – adentrou o quarto e notou que a esposa dormia o sono dos justos, trazendo na linda face um rito de felicidade incontida. O riso era a marca. Ele sente um aperto no peito – a esposa não merecia o que ele fizera. Mas, o que está feito, feito está. Ele desliga o abajur de tênue luz, se despe e deita ao lado da esposa.

Neste momento, Ângela acorda e passa a mão no rosto dele. Por não sentir os pelos da sua barba, alucinada ela grita:
-Alex, meu amor! Você ainda está aqui? Vá embora depressa seu doido! Será que você esqueceu-se que o barbudinho está pra chegar! Vá embora logo, vá!
 
Moral da história:
Nenhum homem consegue enganar uma espertíssima mulher. Sinto um tremendo dó do Ricardão que – de tanto enganar – enganado foi!
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Imagem: Google
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 21/05/2021
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