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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos
Luís Vaz de Camões (1524-1580)


A FALTA QUE FAZ UMA MULHER

 
Introito:
A Mulher só não é a Melhor das coisas criadas por Deus, porque a grafia do gênero lhe fora infiel e crudelíssima. Para tanto, bastava-se somente fazer a seguinte “operação/linguística/correcional”:

Do gênero MULHER seria eliminada a semivogal “U” que seria substituída pela vogal “E” – retirada do seu próprio gênero – e no lugar da vaga deixada pela vogal “E” no substantivo mulh’E’r, bastaria acrescentar a vogal “O”. Aí, sim, teríamos a transformação do substantivo MELHOR que passaria a ser a exuberante MULHER.

Então, teríamos um vocábulo a nos indicar qual o real valor a ser dado a esta obra do Divino Criador: A mulher, por ser a melhor de todas as criaturas criadas por Ele – O criador!
Aplausos, pois, para a Mulher, por ser reconhecida – após a tão esperada “operação/linguística/correcional” – como a maravilhosa criatura que todos nós já sabíamos ser detentora da posse de: A Melhor e a mais bela de todas as obras primas criadas por Deus!

Parte I:
Confesso que divaguei neste introito tão somente com o fito de trazer à tona o poema do imortal Luiz Vaz de Camões: “O Amor é Fogo Que Arde Sem se Ver”, que fizera o mundo ver o quão grande fora este mágico poeta com  lirismo ímpar contido em seu autêntico e encantador versejar.

Nas minhas divagações, cheguei à Bahia – mais precisamente numa Universidade Baiana – local em que os jovens estavam em uma árdua batalha tentando provar nas provas seus conhecimentos na busca de uma vaga de ingresso na Universidade da Bahia.

E eis que o “bendito vestibular da Universidade Baiana” resolvera adir às já difíceis avaliações – cobrando dos coitados candidatos – uma interpretação do não menos difícil trecho deste poema de Luiz Vaz de Camões:
 
 AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
               ********
A ‘tese/antítese’ é um recurso linguístico usado pelo poeta Camões em seu encantador versejar. É uma “figura de linguagem” onde passa a existir uma aproximação de ideias em oposição a uma já existente. A eterna e salutar luta entre a Tese X Antítese com o fito de se chegar à Síntese sonhada!
Todavia, uma das vestibulandas resolveu “jogar para os ares” todas as normas linguísticas ao dissertar, brilhantemente sobre o tema.

Com a palavra, pois, a vestibulanda de dezesseis anos que veio a dar na sua dissertação ‘uma magnifica interpretação ao tema proposto.’

Então, com a palavra a arretada vestibulanda baiana. Vejamo-la, pois:
 
“Ah, Camões!
Se estivesse hoje em dia,
Tomavas uns antipiréticos,
Uns quantos analgésicos
E Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
Consultavas a internet
E descobrias que essas dores que sentias,
Esses calores que te abrasavam,
Essas mudanças de humor repentinas,
Esses desatinos sem nexo,
Não eram feridas de amor,
Mas somente falta de sexo!”
             **********
 
Nota do autor:
A vestibulanda ganhou Nota Dez pela originalidade, pela estruturação dos versos, pelas rimas insinuantes e também, porque foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões, era apenas “falta de Mulher – a mais bela de todas as obras primas criadas por Deus!”

Imagem: Google
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 18/02/2021
Alterado em 18/02/2021
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