A ARCA DE NOÉ
Introito:
Deus disse a Noé: -“Você, porém, fará uma arca de madeira de cipreste; divida-a em compartimentos e revista-a de piche por dentro e por fora”. (Gênesis 6/14).
Terminada a tarefa dada por Deus, Noé abre as entradas da Arca para que os animais adentrem-na. E lá vêm eles – cada um trazendo a tiracolo a sua companheira, a respectiva fêmea.
Ao ver toda aquela bicharada adentrando a Arca, Noé demonstra ter uma óbvia preocupação. Chama, então, pelo filho Sem e expõe o motivo da sua preocupação: - Filho, sabe... é... que... tem uma coisa que está me preocupando muito. Se estes animais começarem a se reproduzirem, esta Arca não vai caber tantos animais.
Sem coça na cabeça uma imaginária caspa, pensa – e logo em seguida – apresenta ao Pai Noé aquilo que imagina ser a solução para o problema:- Pai, chama o Macaco e dê para ele a missão de fiscalizar a bicharada com a estrita ordem de que: enquanto estiverem na Arca – e de forma alguma – não poderão “namorar” para não procriarem. O Macaco, meu pai, é um bicho danado de esperto e vai, por certo, estabelecer a ordem nesta Arca e impedirá que a bicharada faça gerar novos filhotes.
Noé, satisfeito com a ideia de Sem, chama o Macaco e lhe transmite a ordem a ser imposta na Arca por todo o período em que durar o Dilúvio. -Macaco, durante todo este período das chuvas, você tem a incumbência de fiscalizar estes bichos todos e impedir que eles tentem fazer qualquer tipo de chamegos na Arca. E, enfático avisa: - A responsabilidade é toda sua. Então, qualquer que seja a falha, você será responsabilizado.
O Macaco, sentindo-se honrado com missão dada, aceita-a, faz uma continência a Noé e diz enfático: - Deixa comigo chefia. Aqui ninguém vai “namorar”, porque não vou deixar.
Epílogo:
O tempo passa. Os quarenta dias de intensa chuva demonstram que elas, agora, estavam mais amenas e diminuindo a sua intensidade. De repente, Noé sente um baque no casco da Arca. Com a diminuição das chuvas, a água baixou o seu nível fazendo com que a embarcação tocasse no solo. Noé – saindo da Arca – nota que a mesma está ancorada em um monte. No horizonte, ele vê uma pomba que lhe traz um raminho no bico indicando-lhe que o Dilúvio havia terminado e que estavam em terra firme.
Noé – abrindo um sorriso maior que a própria cara – abre a Arca e ordena que todos os animais saiam e voltem a se procriar para povoar a terra com suas espécies.
Obediente, lá vem a bicharada, sob a arguta fiscalização do Macaco. Até então, tudo estava correndo às mil maravilhas. Nenhum dos animais estava trazendo filhotes a tiracolo. Noé demonstrava sua satisfação com a missão confiada ao fiel e astuto Macaco que sorria mostrando o siso.
Mas eis que, de repente, o caldo engrossa. Lá no final da fila aparece o Gato com a sua Gatinha acompanhada de uma fileira de gatinhos.
Noé lança um olhar reprovativo para o Macaco que – sem a graça e sem os sorrisos de antes – buscava uma explicação para a falha da sua missão.
O Gato sorridente e malandro passa por ele e dá um sorriso de vencedor. A gatinha, por sua vez, para em frente ao Macaco, dá uma lambida na patinha, esfrega-a na cara safada e diz para o Macaco:
- Pensou que nós – naqueles momentos de urros e gritos - estávamos brigando, né, seu boboca! Estávamos, sim, fazendo nenéns bem gostosos!
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