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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos
 

OS DOIS ARACNÍDEOS
 
Adentro o meu quarto! Nele uma densa névoa se esparge pelos ares e vai, aos poucos, se dissipando. Agora, vejo-a! O seu desnudo corpo jaz sobre um lindo lençol de cetim na cor rosa. Ela, mesmo mantendo os olhos fechados, não está dormindo – está desperta a esperar-me!

Assento-me ao seu lado. As minhas mãos, agora, já não são mãos. São duas enormes Aranhas que começam a tartamudear pelos seus cabelos e suas róseas orelhas. Ela parece gostar. E as Aranhas vão, levemente, tocando a pele da sua testa, borda dos olhos e bochechas. Roçam suavemente o entorno da boca – ela esboça um leve sorriso. As minhas Aranhas descem pelo seu pescoço e chegam até o colo que arfa descompassadamente. A sua pele está ouriçada... os pelos estão tremulando ao toque das patas das ávidas Aranhas que chegam até os seios que balouçam pela entrecortada respiração. E eles mais parecem os vulcões Etna e Vesúvio prestes a entrarem em erupção. Das suas minúsculas crateras, dois filetes de lavas escorrem. Não eram incandescentes, não eram vermelhas – eram claras como a neve! As Aranhas param. As mornas lavas – sugo-as! Sinto que o corpo dela se estremece... os pelos se assanham e balouçam como coqueirais assolados pelos vendavais. As lavas são degustadas. As Aranhas prosseguem no seu caminhar, sentem que a região abdominal da linda mulher é formada por leves dunas como as modeladas pelos ventos dos desertos. E neste deserto sinto sede. O seu umbigo é, para mim, um fresco Oásis. Sedento, sorvo as águas contidas e sacio a minha libidinosa sede. Ouço-a gemer. Sinto sua pele se arrepiar bem mais. A respiração entrecortada é arrítmica e ofegante. Os gemidos se tornam mais audíveis!

Retirando a boca do Oásis, faço as aranhas retomarem o seu passeio que recomeça nos Vulcões e descem passeando bem devagarinho pela arrepiada pele. As Aranhas, agora, estão passeando pelas ancas e coxas. Os pelos são maiores, mas não oferecem resistência ao passeio das minhas Aranhas que vasculham as partes internas e externas daquelas roliças pernas.

As Aranhas, enfim, chegam aos pezinhos daquela deusa cor de ébano, para dar aos mesmos uma carinhosa massagem. Sinto que ela gosta, devido aos ulos e suspiros que ouço.

Paro com as massagens. O objetivo, agora, era outro. Depois de passar pelos vulcões Etna e Vesúvio – sorver as suas mornas lavas. Depois de sugar as deliciosas águas frescas do encantador Oásis e passar próximo ao Triângulo das Bermudas, a ele as minhas Aranhas queriam retornar. Elas – carinhosas e bem lentamente – reiniciam a viagem de volta e chegam ao almejado Triângulo das Bermudas. Ele é coberto por uma densa vegetação de uma frutífera árvore que as minhas Aranhas queriam degustar. Ávidas e tensas, elas tocam a vegetação na tentativa de penetrar e... Trimm! Trim!... Trim!...

- Ainda quebro este maldito despertador! No melhor da festa lá vem este infeliz com o seu indefectível troar para despertar-me!

Imagem: Google

 
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 27/08/2020
Alterado em 27/08/2020
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