MULHER SEJA MULHER
(A evolução da humanidade)
Estou diante da televisão. Na Moral é o nome do programa ao qual assisto. O tema desenvolvido na programação fala do relacionamento existente entre os casais. (Quero deixar bem claro que – devido à falta de um diálogo – tenho no meu íntimo, bem guardadas, as minhas dúvidas sobre a existência deste “relacionamento entre os casais”).
E o apresentador diz – já no início do programa – que: -“O mercado de produtos eróticos, os Sex Shops, cresceram 75% nos últimos dois anos.”
Os Sex Shops citados vendem – como bem sabemos – uma parafernália de produtos que fazem as mulheres chegarem ao “Nirvana”, ao “ápice”, ao “prazer”. São produtos por elas manipulados e direcionados aos seus pontos eróticos que as excitam, dando-lhes a almejada sensação de “prazer” (Prazer? Humpf!).
Fico imaginando e questiono-me: - Por que buscar nos Sex Shops um aparelho manipulável se ela pode manipular o aparelho/parceiro ao qual ela o tem às mãos?
Não fora preciso muito divagar para se chegar à óbvia conclusão: - Está faltando o diálogo entre os pares, os amantes. Está faltando – antes ou no momento da intimidade – ela dizer para o seu amado: - “Eu quero que você faça “assim”; eu gosto de fazer amor “nesta” ou “naquela” “posição”! – “Eu gosto disso, daquilo e “daquilo outro!” – “Eu gosto (ou não gosto, tanto faz) das preliminares!” Mas, e se gostar, diga como as quer que sejam feitas nos seus mínimos detalhes: “assim e assado” – como antanho diziam!”
Se ambos vivem juntos, não haverá motivos para que sejam pudicos, mesmo porque, ele e você mulher, não são dois – são unos, unidos pelo amor e, não somente, pela atração física que sentiram ao se conhecerem. E mesmo que venha a ser uma – tão somente, diga-se – mera atração física, ao se relacionarem deverá existir uma enorme forma de carinho, uma demonstração de respeito, amor e o imprescindível diálogo entre ambos. Acredito que não está havendo nem mesmo o monólogo.
Chega-se à conclusão que as mulheres, ao procurarem os aparelhos de prazer nos Sex Shops, estão comprando algo que já o tem ao alcance das mãos, sem ter que passar pelo vexame de serem “descobertas” ao chegar ao caixa para pagar por um aparelho movido à eletricidade. O “aparelho/parceiro” – aquele que você tem ao seu dispor em seu lar – é movido pela maior de todas as energias: o amor! E o interruptor que o liga é o imprescindível diálogo!
O problema maior está no “por que de não se discutir o relacionamento?” Não há nada que não se possa resolver com um bom ‘bate-papo’! Será que o ‘bater um papo’ ficou velho, caquético, careta e superado? Não quero crer em nenhuma dessas hipóteses – seria um retroceder na evolução da humanidade. A língua (Chlep!...) – em todos os sentidos, diga-se – é a melhor de todas as formas de comunicação!
Quando a mulher busca o “prazer” com um aparelho, ela está enganando a si mesma. O prazer – se dividido com o seu parceiro – é muito mais gostoso que o solitário “prazer” encontrado na manipulação de um aparelho!
Parceiro e aparelho são linhas paralelas que nunca se encontrarão. No parceiro há o real e dividido prazer. No aparelho há o utópico e isolado “prazer”. Busque o diálogo – nunca um aparelho. Ele, o diálogo, não lhe custa nada e vai acabar com o Nirvana paraguaio que é encontrado neste falso “relacionamento de prazer”.
Você mulher, que – de há muito, saiu da Idade da Pedra – pode, e deve exigir o que deseja. Portanto, diga alto e em bom som:
- Eu gosto e quero fazer amor nesta e, ou, naquela posição. Eu quero “isso”; “aquilo” e “aquilo outro”! Eu gosto, ou não, das “preliminares”. E, se gostar, diga como as quer, do jeito que você gostaria que fosse. Que as quer com muito carinho ou com uma “violência de mentirinha” – aquela que serve para apimentar (há quem goste) a relação!
- Eu gosto e quero fazer todo o tipo de amor possível e imaginário. Que seja ele Tântrico; Anal; Oral ou Vaginal – não importa! E, sintetizando, dirá:
- “Quero tudo a que tenho direito”: “assim” e “assado,” – como diziam! “Quero fazer amor com todos os “Cinquenta (Mil) Tons de Cinza” sem receios ou medo de ser feliz”!
Diga mulher: - “Quero e vou ser feliz com o meu aparelho amado e não com um aparelho comprado”.
Aplaudirei a você – corajosa mulher – que teve a hombridade e destemor para buscar no diálogo a melhor forma para se chegar ao prazer fazendo amor, fazendo paixão. Aplaudirei a você, destemida mulher, ao entender que deve satisfazer ao seu parceiro, mas, e acima de tudo, tem o direito de satisfazer-se – gozar e ser feliz! Você tem o direito de direcionar o seu “aparelho/parceiro” aos mais recônditos rincões do seu corpo numa frenética busca do seu Ponto G – maravilhoso portal do almejado Nirvana.
Por que não fazer isso? Por que se esconder, ao ocultar as suas fantasias e desejos para se chegar ao Paraiso levada por Eros, ao ser flechada por Cupido? Seja você, mulher, evoluída! Seja você, mulher, batalhadora não somente nas funções que, hoje, magistralmente exerce na sociedade. Seja você, simplesmente, mulher!
Lembra-se de quando das suas elucubrações e utópicas viagens para se chegar ao Nirvana paraguaio quando, então, você direcionava o “aparelho do utópico prazer” buscando satisfazer-se? Agora, esqueça! Passa a régua! Você estará enganando a si mesma ao imaginar-se nos braços do seu amado tendo às mãos um “aparelho” a lhe dar um falso prazer.
Seja você, mulher, um ser humano dono do seu próprio nariz e corpo! Diga e faça aquilo que melhor lhe aprouver! E, acima de tudo: seja feliz com o aparelho amado, porque ele é movido pela eletricidade do amor indissolúvel que os envolve!
Mulher – seja para a sociedade uma dama!
Mulher... seja (entre as quatro paredes) uma messalina na frenética busca do prazer que lhe arrepie o corpo; que lhe turve a mente; que lhe deixe tonta e louca na sua chegada ao etéreo e sonhado Nirvana! Seja você uma mulher com muito amor para dar – em todos os sentidos, diga-se!
Mulher... seja feliz sem preconceitos, sem pudor, sem temor, mas – e acima de tudo – com infinito e carinhoso amor!
Texto: Altamiro Fernandes da Cruz
Imagem: Google