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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos
A Primeira Mordida
 
... De há muito o mundo vive numa fortíssima tensão. Em princípio, essa tensão fora gerada pela temível Força da Esganação, mesmo porque, à época, armas não havia. Hoje, todavia, com o advento de uma louca e desenfreada corrida armamentista – na qual a tecnologia está sempre em busca das armas que sejam capazes de promover o extermínio em massa – o mundo saiu da Era da Esganação e assentou-se sobre as mais variadas formas de poderosas bombas. Da Era da Esganação à Era do Barril de Pólvora, demorou um pouco. Mas convenhamos: do Barril às ensurdecedoras e temíveis Bombas Atômicas e as de Hidrogênio, foi um pulo – um pulinho mesmo – impulsionado pelo imensurável desejo de matar.

E são tão poderosos esses sádicos desejos que a tensão só vai aumentando a cada dia que passa, sem sabermos onde vamos parar.
Ainda bem não havíamos saído da 2ª Grande Guerra Mundial, o homem – saudoso de promoção de novas carnificinas – já estava “namorando uma nova guerra”: A 3ª Grande Guerra. Enfim, o carniceiro homem – ao que tudo indica – “tomou um pouco de juízo” e assentou-se à mesa das negociações. Antes, porém, os “dedinhos já estavam se coçando, morrendo de vontade de apertar o famoso botão vermelho para, a tudo, explodir”.

Este foi um conflito no qual a história registra ter sido o estopim (Sempre, e sem dúvidas, haverá um.), o discurso promovido pelo, então presidente dos USA, Harry Truman, ao se autopromover como “defensor dos povos livres” na luta contra o crescimento do Regime Comunista no mundo. Isso veio a dar início à chamada Doutrina Truman. Em síntese, a Guerra Fria teve como estopim um conflito político-ideológico entre as duas maiores potências mundiais: USA X URSS – duelo de parvos e tresloucados titãs.

Mas, como este estado de beligerância teve início no mundo? Acredito que esse marco se deu desde os tempos em que Eva usava as fraldas feitas com as folhas de parreira, logo após o Adão (que usava – por óbvios motivos anatômicos – uma sunga feita com a folha da bananeira) dar a sua primeira “mordida (Humpf!.) na maçã da Eva”! Então, foi aí que o mundo começou o seu doido e doído tormento. Ficou registrado o primeiro fratricídio da história: Caim – fazendo uso das próprias mãos – matou esganando (É bom relembrarmos que, à época, ainda, não havia armas.) o seu irmão Abel. Surgiu então a Era da Esganação. A partir de então, o mundo não teve um só momento de paz. O homem está e sempre estará – e que isso fique claro – “em busca de uma guerrinha” para poder saciar os seus instintos bestiais, animalescos: O insano e sádico desejo de matar!

Isso, infelizmente, é típico do homem! Faz parte da natureza humana que não aprendeu a conviver com a própria natureza que volteia a todo instante em torno de si. E ela, a natureza, nos ensina que: “Na natureza nada se cria, nada se perde tudo se transforma” (Antoine Laurent de Lavoisier).

(Peço vênia ao insigne e nobre cientista, para, ousando dizer: – Dentro desta transformação natural se encontra a essência da vida: o amor. Ele é o único que realiza o mais importante de todos os processos de transformações necessários à humanidade, ao transformar o ódio existente dentro do pétreo coração do ser humano em um puríssimo e desejado amor.)

Todavia, esta máxima do ilustre cientista só é possível pelo devido fato de a sapiente Mãe Natureza obedecer e seguir algo muito simples: a simbiose.

A simbiose é a interação existente entre duas espécies que vivem juntas. É, acima de tudo, uma associação entre seres vivos nas quais ambas as partes são beneficiadas. E a humanidade deveria – pelo fato de viver em sociedade – conviver para poder viver! Pode-se dizer que a simbiose é o esmero de uma vida em comum, camaradagem, intimidade.

Na natureza existe esta interação pela simbiose, porque todos os seres – menos os humanos – sabem desta necessidade de convivência para que possa existir a vivência de todos. As abelhas fazem um trabalho de simbiose ao distribuir o pólen entre as flores. Sem este trabalho, não haveria a necessária frutificação, a geração de novas árvores frutíferas e a consequente geração de novas flores, com novos néctares para a produção do mel tão degustado pelo homem.

Mais um – dentre os inúmeros existentes na natureza – exemplo da simbiose: Há uma espécie de pulgão que, para sobreviver, “contratou uma equipe de segurança pessoal” para se defender dos seus predadores, os famintos camaleões. E o pagamento é feito através da simbiose. Os pulgões secretam um delicioso néctar que as formigas adoram. E estas, em troca do néctar, montam guarda cerrada na proteção aos pulgões. Sem esta simbiose, os pulgões, provavelmente, não existiriam.

Então, é cabível um questionamento ao homem sobre o porquê da não existência desta salutar simbiose nos relacionamentos entre os sapientes (Sic!) seres humanos? Para esta pergunta não teremos resposta. O homem é um eterno buscador das guerras fratricidas.

Todavia, há uma plausível explicação para tão horrendo comportamento: O homem é – por excelência – num misantropo, e em assim sendo, jamais faria o escambo da misantropia pela salutar e benéfica simbiose. O seu animalesco dom de a tudo destruir estará sempre colocando o mundo – e todas as formas de vida nele existentes – em um eterno xeque mate, dado em um Tabuleiro de Xadrez formado pela ignorância humana. A simbiose, por seu alto grau de importância para toda humanidade, deveria se fazer presente em todas as formas de relacionamentos existentes. Mas, isso seria pedir muito ao homem. Ele é um ser que deixou de ser um ser humano que dizia ser a imagem e semelhança de Deus.

Esperávamos que depois da primeira mordida – a que fez surgir a Era da Esganação – não houvesse a segunda. Mas ela – ao que tudo indica – veio trazendo no seu bojo a Era do Barril de Pólvora; a Era das Bombas Atômicas e de Hidrogênio. Lamentavelmente, estamos a um passo do apocalipse a vivenciar o temível holocausto.

O homem vai continuar dando mordidas na maçã. O homem vai – com certeza – se engasgar. E o ser que deveria ser um ser humano – como Deus desejou ao criá-lo – vai se sufocar e morrer por Esganação (a primeira dentre as formas de matar que ele próprio criou) encerrando enfim o fim da humanidade!
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O amor vai de encontro a todas as teorias científicas da Matemática e da Física, por ser a única coisa que, quanto mais se divide, maior ele se torna! (Altamiro Fernandes da Cruz)
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 10/06/2020
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